quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Alexander (2004)

Este filme poderia ser um épico, mas é apenas uma história, e não ficará certamente marcado como o melhor filme de Oliver Stone.

Alexander (Colin Farrell), o herói macedónio que se impôs sobre o império persa e morreu aos 33 anos, é o protagonista de uma história edipiana, onde o amor desmedido, e com um odor incestuoso, da sua mãe, Olímpia (Angelina Jolie), é confrontado com a admiração pelo pai, o Rei Filipe II da Macedónia (Val Kilmer). Alexander acaba por tornar-se um chefe militar como o seu pai, para fugir à sufocante prisão do amor e ambição da sua mãe. O conflito destas duas forças, feminina e masculina, acabam por se reproduzir na bissexualidade de Alexander. E a sua origem helénica, de marcada cultura masculina, é posta em oposição à sedução da feminina sociedade oriental.

É notória a distância que Alexander procura colocar entre ele e Olímpia: não é por acaso que retira a pulseira do braço de Roxana (Dawson), demasiado semelhante às cobras que Olímpia costumava conservar perto de si. Um outro pormenor prende-se com a cena inicial. À semelhança de Citizen Kane, quando o personagem de Orson Welles deixa cair o globo de neve sussurrando “Rosebud”, Alexander deixa cair o anel que lhe foi oferecido por Hefestião (Jared Leto), seu amigo e amante.

O seu sonho de unir o mundo oriental ao ocidental caiu por terra depois da sua morte, com o império que construiu sendo dividido entre os seus chefes militares.

O excelente elenco deste filme é liderado por um Colin Farrell empenhado e dedicado de corpo e alma ao personagem e por um Val Kilmer assombroso. Angelina Jolie personifica frieza e calculismo ao serviço de um incondicional afecto. O casting foi ao detalhe de seleccionar os companheiros de Alexander segundo o critério da androgenia e perfeição física que caracterizavam os padrões de beleza/equilíbrio físico da época, sendo de salientar Jared Leto e Jonathan Rhys-Meyers (Cassandro) (que já tínhamos visto como Brian Slade em Velvet Goldmine, de Todd Haynes).

Quanto aos pesos pesados Anthony Hopkins (Ptolomeu) e Christopher Plummer (Aristóteles), o segundo compensa em credibilidade o que falta ao primeiro, sobretudo devido à difícil transição entre o personagem da sua juventude e o da sua velhice.

Resumindo, o que podia ser um épico memorável, não vai com certeza deixar grandes memórias. 6/10

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