
Leónidas, o heróico e feroz líder, é interpretado por Gerard Butler (“The Phantom of the Opera”), a sua voluntariosa esposa, a rainha Gorgo por Lena Headey “The Brothers Grimm”) e o cruel rei persa Xerxes pelo brasileiro Rodrigo Santoro. Nos secundários estão Dominic West (“The Forgotten”) como Theron, David Wenham (“Lord of the Rings”) como Dilios e Vincent Regan como Capitão de Leónidas.
Tendo em conta que as personagens de “300” são unidimensionais e uma empatia por parte do espectador é virtualmente impossível. Tendo em conta que à história relatada lhe falta verosimilhança, e que a suposta luta entre uma civilizada democracia e um misticismo bárbaro é totalmente falaciosa – a liberdade constantemente apregoada pelos espartanos é, no mínimo, risível, tendo em conta que estes homens nasciam com o seu destino já definido. Tendo em conta os valores eugénicos e machistas apregoados por estes heróis, seria de esperar que este filme fosse um tormento.
Mas não: “300” é uma experiência visual que nos deixa sem palavras. As opções estilísticas – possivelmente já feitas na obra de Miller – são de uma imaginação impressionante. Espadas, escudos, membros decepados, setas rasgando o céu e a carne. “300” é um deleite visual, onde cada imagem é uma obra de arte plena de detalhes. Os quadros de Miller e a aguarela de Varley são recriados numa paleta que vai o dourado dos campos de cereais e dos cinzentos da paisagem pedregosa, ao vermelho das capas e do sangue. A acção, coreografada ao pormenor, decorre diante de ecrãs azuis ou verdes, com cenários criados em CGI (comparação da banda desenhada com a sua adaptação ao cinema aqui).
A competente realização de Snyder (“Dawn of the Dead”), a espectacular fotografia de Larry Fong e a enérgica montagem de William Hoy são colocadas ao serviço da rigidez espartana, e do seu (doentio) sentido de honra, dever e glória, num filme onde se mitura o humor e a crueldade, a brutalidade e beleza. 8/10
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