terça-feira, 18 de março de 2008

Cloverfield (2008)


Nova Iorque. Um grupo de jovens organiza uma festa de despedida para Rob, um amigo de longa data que vai trabalhar para o Japão nos dias que se seguem. Hud, o melhor amigo de Rob, está de máquina de filmar em punho a documentar tudo o que se passa, desde os testemunhos de despedida, à melancólica discussão entre o seu amigo e a ex-namorada. De um momento para o outro, um súbito e violento estrondo - como se de um tremor de terra se tratasse - acaba com a animação. Dirigem-se ao topo do edifício e dão conta que Nova Iorque está sob ataque. Do quê? Não fazem ideia, mas sabem que podem nem sequer conseguir sobreviver para o descobrirem. Mas haverá ameaça neste planeta que suplante o amor de Rob por Beth?

Por onde começar? Porque não pela mistela mais proferida das últimas semanas em todo o Mundo: "Cloverfield" é uma junção do estilo artístico de "The Blair Witch Project" - filmagem amadora - e da essência destrutiva de "Godzilla" - onde um monstro gigante anda à solta, abalroando arranha-céus e cimentando o pânico entre milhões. No entanto, e já que estamos numa de o comparar a obras que marcaram o cinema - para o bem ou para o mal -, podemos ainda afirmar com todos os dentes que "Cloverfield" emana o pânico e o pavor que Spielberg não conseguiu passar com o seu "War of the Worlds" ou ainda que "Nome de Código: Cloverfield" está para esta década, como "Jurassic Park" esteve para a de noventa. Isto porque ambos conseguiram provar que a indústria de massas ainda não esgotou a sua criatividade e originalidade, produzindo um produto que origina o seu próprio sub-género, reinventado conceitos e concepções, repetindo fórmulas - monstro ataca, pessoas morrem, todos fogem, alguns escapam - de modo inovador, segundo novas perspectivas. No entanto, e tal como acontecera com "Parque Jurássico", ambos poderiam ter sido mais. Muito mais.

Revigorante? Sem dúvida. Vertiginoso? Óbvio. Abordagem tão rara como extraordinária? Irrefutável. Narrativa dramática previsível, quase idílica, algo redundante, e com uma mão-cheia de cenas desnecessárias? Infelizmente, sim. Nada que arruíne a nobre intenção de Matt Reeves em dotar "Cloverfield" de uma dimensão poética e lancinante, rara no género, que nos deixa a torcer pelo herói, como se fôssemos a personagem por detrás da máquina, parte do filme e da acção. Com uma evidente conexão ao 11 de Setembro - tanta pela desorientação das pessoas perante o impossível, como por alguns dos diálogos e imagens que marcam o "combate -, ao "América versus Mundo" - ou não fosse Cloverfield um anagrama de "Love Fidel C." - e à incapacidade de qualquer império ou nação perante o imprevisível, "Nome de Código: Cloverfield" é, nas suas bases, um contra-senso tão colossal como delicioso, que junta a suposta balbúrdia e algazarra da destruição maciça e dos seus milhões de dólares, à intimidade sublime de qualquer produção independente de Sundance.

Repleto de mistérios, quase todos deixados sem respostas, e uma carrada de pequenos (mas fabulosos) pormenores - como o "splash" final na praia, que juntamente com as declarações do realizador, dão a entender que o monstro veio do espaço e não passava de um recém-nascido, ou, por exemplo, o facto de as gravações começarem às 6:42 do dia 22 de Abril e acabarem, precisamente, às 6:42 do dia 22 de Maio - "Cloverfield" é, como alguém o disse por aí, "um blockbuster da geração Youtube". Um filme de massas, na primeira pessoa, que mesmo com tanta astúcia e engenho lá pelo meio, não conseguiu evitar o truque um dia genial, agora rasca, da visão nocturna. Pormenores e por maiores que o fazem oscilar durante oitenta minutos entre o prodigioso e o banal. Ditosamente, a balança acaba por pender para a genialidade de Reeves, Abrams e companhia.7/10




1 comentário:

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