sábado, 19 de janeiro de 2008

The King (2005)


O argumentista Milo Addica e o realizador James Marsh criaram um mundo "aparentemente" modelo, isso mesmo, "aparentemente" entre aspas, pois a mente insana do personagem Elvis Valderez, interpretado pelo actor Gael Garcia Bernal, faria até o realizador britânico Alfred Hitchcock levantar-se do túmulo e aplaudir de pé. The King tornou-se num título forte e excelente em diálogos e planos sequênciais "quase" longos e, lembrei-me novamente de Alfred Hitchcock nos planos gerais usados neste longa metragem, usufruindo de uma insinuante banda sonora.

Sentir-me-ia mal só de pensar novamente na trama deste longa-metragem. Frio e sanguinolento, James Marsh foi criterioso na escolha do elenco, criando um clima quase real e extremamente lento no drama, ratificando excelência nesta realidade não fantástica. É incrível a maneira excêntrica que "The King"se comunica com o espectador, tornando-se um opulento emissor visual decorrente a lentidão das cenas já comentadas nesta resenha, sendo um verdadeiro rapport (relação harmônica estabelecida entre emissor e receptor) fazendo-nos observar com maior precisão todos os detalhes visuais. Enfim, quem procura um longa de acção, não irá gostar deste longa, mas quem procura algo diferente e bem trabalhado em todos os requesitos, está dada a sugestão "The King".

Uma vez ouvi a cineasta e professora "Lina Chamie" numa entrevista, dizer que um filme é o que mais se aproxima de um sonho, o qual concordo plenamente, mas acrescento, assistindo "The King", um filme também poderá ser o que mais se aproxima de um "pesadelo", pois o que parece belo, torna-se disforme, criando um drama indescritível para o espectador. O final? Surpreendente e incalculável, diferente da maioria de outros que já deciframos o final logo nos primeiros minutos de filme. "The King" não é muito conhecido pelos portugueses, mas como um grande apreciador de cinema, dou-lhe uma valiosa dica, não se deixe influenciar pela capa pouco condizente com a realidade do filme. Com certeza já deve ter visto "Psicko" de 1960, dirigido pelo cineasta, citado nesta crítica "Alfred J. Hitchcock" e lembrar-se-a do personagem psicótico "Norman Bates" interpretado pelo actor Anthony Perkins, o qual em "toques" de personalidade, lembra muito o protagonista de "The King" Elvis Valderez. (Psicko foi refilmado em 1998 e dirigido por Gus Van Sant. A personagem Norman Bates foi recriado pelo actor Vince Vaughn, o qual fez uma interpretação magnífica, chegando a ser melhor até que o próprio Anthony Perkins).

Claro que há sempre um senão, e neste caso o filme peca um pouco pela realização de algumas cenas, em que ficamos a pensar "mas afinal... não tinhamos já percebido que era isto que ia acontecer?" tentando aqui o realizador, dar uma volta ao espectador, mas aaba por concluir da forma que já todos tinhamos percebido. Era desnecessário... 7/10



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