segunda-feira, 8 de outubro de 2007

The Kovak Box (2006)


David Norton (Timothy Hutton) é um famoso escritor de ficção científica, convidado para falar numa conferência em Mallorca. David aproveita o local idílico para pedir a sua namorada Jane (Georgia MacKenzie) em casamento. Nessa mesma noite Jane salta da varanda do quarto de hotel. Noutro ponto da ilha, uma outra mulher, Silvia (Lucía Jiménez), atende o telemóvel onde escuta a voz de Billie Holiday cantando ‘Gloomy Sunday’ e salta da janela do seu apartamento. Ao contrário da noiva de David e de outras pessoas em toda a ilha, Silvia sobrevive. Sem se recordar do que aconteceu, Silvia está convicta de que nunca terá saltado de livre vontade. David e Silvia acabam por se juntar para descobrir este estranho fenómeno por trás do qual parece estar o primeiro livro de Norton e o cientista Frank Kovak (David Kelly).
O realizador mallorquino Daniel Monzón consegue em “The Kovak Box”um thriller consistente, respeitando a inteligência do espectador e sem explicações desnecessárias. Peca, no entanto, por nos deixar sem uma resposta exacta ao porquê. Apesar do crescendo de tensão até às magníficas Cuevas del Infierno (na realidade tratam-se das Cuevas del Drach, uma atracção que recomendo sem reservas), o filme sofre com a falta de ritmo, especialmente na sua segunda metade. As interpretações de Timothy Hutton e Lucía Jiménez são pouco mais que satisfatórias, e a química entre ambos é nula. O ecrã só se enche com a presença do veterano David Kelly (“Charlie and the Chocolate Factory”).
O mais interessante de “The Kovak Box” é o dilema moral a que a personagem de Hutton é sujeita, obrigado que é a escolher entre os seus valores morais e a vida de terceiros. Decisões que, na escrita, podem parecer inócuas, como a morte de personagens, assumem um carácter diametralmente oposto quando transpostas para a realidade. Fica o aviso: a partir do momento em que começamos a imaginar algo, esse algo começa a existir.
No final, “The Kovak Box” é um eficiente folheto de promoção turística de Mallorca – mesmo com o insólito de quase toda a gente parecer falar inglês sem sotaque. De todos modos, este é um bom exemplo da eficácia do financiamento público. A Câmara Municipal de Lisboa ou Porto, pra não referir outras cidades, deveriam abrir os olhos para estas best practices e, de uma vez por todas, criar um gabinete de promoção de Lisboa como cenário cinematográfico (incluindo a agilização de licenciamentos). Potencial para thrillers temos a rodos! 7/10

Sem comentários: