domingo, 15 de julho de 2007

When a Stranger Calls (2006)


O realizador dos bastante aceitáveis Con Air e Tomb Raider, Simon West aventurou-se desta vez no "difícil de satisfazer" género de Terror. E a verdade, é que consegue novamente alcançar o degrau acima da mediania do costume. Longe de nos presentear com marcos cinematográficos, West consegue trazer-nos sempre um produto final satisfatório. "When a Stranger Calls" é um destes exemplos, do que à partida seria um fracasso esperado transformado num thriller aceitável e bem filmado.

Obrigada a pagar a conta de telemóvel que ultrapassou em muito o limite imposto pelos pais, Jill (a interessante Camilla Belle) vai tomar conta dos filhos de um abastado casal durante uma noite. Porém, a que supostamente seria uma noite de descanso, em que os miúdos já dormiam e o frigorífico ainda estava por esvaziar, torna-se rapidamente num inquietante serão de nervos, em que perturbantes chamadas telefónicas simplesmente esgotam a serenidade de Jill. E quando esta descobre que as mesmas estão a ser efectuadas de dentro de casa, já nada pode fazer senão tentar escapar de um perigo, que parece ser de inevitável confronto.

Podemos dividir este filme em duas, talvez três, partes claramente distintas. Uma primeira, mais longa e que se extende até aos últimos dez a quinze minutos, muito bem construída, e que espelha a formação de um intenso carisma assustador no mais pequeno pormenor da casa e arredores. O medo. A elaboração deste em redor das chamadas telefónicas. Uma realização cuidada e suspense como nos velhos tempos. Uma verdeira brisa de ar fresco no género, principalmente se tivermos em conta o que tem vindo daqueles lados nos últimos anos. Depois, uma segunda horrivelmente planeada, que se esgota rapidamente e que amarga todo o doce previamente servido. Falo do encontro vitíma-assassíno, em que simplesmente não houve uma única ideia original e que destoa claramente de todo o desenrolar prévio da obra. Por fim, a cena final que é simplesmente brilhante e que evoca as consequências trágicas do incidente na personagem principal.

Temos então em "When a Stranger Calls" um filme de opostos. Se o desenrolar psicológico é muito acima da média, a acção fisíca é, tristemente, mais do que batida e vista. Só desculpável pela notável falta de ambição do realizador, que se contenta em criar algo normal mas credível, invés do ousado mas muito cinematográfico e inacreditável terror. O que não tem desculpa são os fracos diálogos, só compensados pela competente realização pormenorizada de West, que por si só, cria suspanse onde ele não existe. O que prova que, por vezes, uma realização competente é bem mais frutífera do que um argumento original. E o simples bem mais simpático que a espalhatosa reunião de elementos básicos do género. A ver então, sem grandes espectativas, apenas pela oferta lúdica razoável que proporciona. 5/10

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