Embora seja um actor muito requisitado para novos trabalhos depois de “The Pianist”, Adrien Brody praticamente desapareceu dos ecrãs desde 2002 (em Portugal podemos vê-lo apenas em “The Village”).No entanto, em 2005 regressou neste “The Jacket” e com o aguardado “King Kong” de Peter Jackson. Este filme marca igualmente o regresso do britânico John Maubury, afastado da realização desde 1998, com “Love is Devil”, polémica biografia do pintor Francis Bacon.
“The Jacket” conta a história de Jack (Adrien Brody), um soldado baleado na primeira guerra do golfo que perde a memória. Aquilo que nas primeiras imagens nos poderá parecer um filme de guerra, transforma-se rapidamente num thriller futurista, quando Jack é preso e condenado a um asilo para indivíduos com distúrbios mentais, onde é submetido a alguns testes do louco Dr. Becker (Kris Kristofferson).
A partir daqui Jack entra numa espiral de estranhas viagens ao futuro, que podem auxiliá-lo no passado. Foi a partir de “Memento” e de “Donnie Darko”, dois filmes que viram nascer um enorme culto à sua volta, que se começaram a apostar mais neste tipo de “trhillers”: que combinam uma personagem amnésica, com alucinações, ou até com a capacidade de viajar no tempo.
Em 2004 surgiu “Butterfly Effect” que, sem ser completamente eficaz, não deixava de ser um filme interessante. “The Machinist”, já estreado este ano, uma produção da espanhola “Filmax”, realizada por Brad Anderson, é outra dessas obras. É nesta linha que podemos igualmente enquadrar “The Jacket”.
Os “delírios” de Jack no futuro e no passado estão suficiente apelativos e sem montagem “estilo MTV”, para não serem saturantes ao espectador. Mas neste aspecto denota-se igualmente a extrema preocupação de Maybury pelos efeitos de câmara, e sobretudo pela edição, em detrimento, por exemplo, de uma direcção de actores mais cuidada.
O argumento explora mais uma vez uma premissa interessante e consegue resolvê-la de forma satisfatória ao espectador. No entanto, isto não acontece sem que pelo meio da história não deixem de haver algumas questões “presas por arames”.
Adrien Brody é o expoente máximo do filme, pois aqui é quase tudo sobre ele. Keira Knightley, estrela britânica em ascensão, cumpre. Destaque ainda para Kristofferson (“Blade”), suficientemente viável como médico louco. Um filme bastante sombrio, que prende a atenção do espectador. “The Jacket” não será certamente o melhor do género, mas não deixa de ser um proposta bastante interessante sobretudo para quem aprecia este tipo de filmes. 6.5/10
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